Versos Que Não Fiz

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

BROTANDO VERSOS


Mesmo que a chuva falte, que o sol se esconda,
que o vento cale, o verso não morre.
Esgotando-se a seiva, busca-se o alimento
na umidade dessa terra fértil das idéias.
Brotando versos.
Do barro e da lama vê-se finas raízes se infiltrando
pra deixar nascer a árvore da palavra.
Nasce crua, nua. O poeta faz o polimento.

Vai polinizando sonhos, pra colher poemas macios
.
E o poeta se deixa enraizar no solo fértil da mãe natureza da imaginação.
Cresce, floresce, perfuma, encanta, acarinha. Se faz amar.
Cerca-se de todo o olhar. Todo o sentimento.
Um dia cai folha seca, ao chão. Adormece.
Nunca morre.

A cada estação interior, se renova e renasce.
Quando a planta surge da terra macia,
vai recebendo e distribuindo olhares de amor.
E assim a poesia se enfeita, veste pétalas e irradia seu perfume.
Vira um jardim de versos, em plena primavera.
E mesmo no mais árido e desértico solo, há de surgir uma bela flor.
Porque a semente da imaginação invade a alma do artista.
Em busca de um ambiente propício pra germinar.
Seguindo seu destino, fechando o ciclo, chega direto ao coração.
De quem ama seus versos, suas letras e suas raízes.
No inverno, no verão no outono ou na primavera.
Na primavera de qualquer estação.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

OS MESMOS OLHOS




A velha senhora sentou-se diante do espelho

Receosa, levantou o rosto e olhou pr'aqueles olhos

Viu seu rosto, e a imagem sorriu-lhe.

Ficou encantada com o que via:

Aquelas linhas, enraizadas aos olhos, tão suaves, tão suas

Linhas que pareciam poesias

Pois eram marcas de um tempo feliz

De muitas risadas e de vivências únicas

Sua pele alva também mostrava linhas emoldurando a boca

Aquela boca que tanto sorriu

Que tanto falou

Que tanto beijou...

As linhas do tempo lhe eram amigas

Lhe contavam segredos que ela até esquecera de ter vivido

Lembrando-se de alguns capítulos, ela riu.

Em alguns outros, correu-lhe uma lágrima...

O brilho daqueles olhos verdes era o mesmo

Os mesmos olhos...

A diferença era a serenidade

Ainda mais marcante

Seu olhar pacificava a si mesma...

Tinha-lhe um apreço comovente

O espelho lhe dizia o quanto era amada

O quanto aqueles anos todos a fizeram bem

E ela a eles...

Olhou pras suas mãos: frágeis, cheias de histórias

Eram, também, fortes, dentro de sua docilidade.

Os dedos pareciam tocar notas musicais

No piano de cauda

Seu piano lindo , que era a vida.

Os cabelos tingidos, brilhantes,

por dentro eram branquinhos como flocos de neve

De neve e de nuvem

Cabelos de anjo, ela tinha.

E o espelho estava tão feliz por tê-la ali, à sua frente

Por vê-la assim, tão serena e em paz

Feliz por ter vivido intensamente

Por ter se emocionado sempre

Muitas e muitas vezes chorado

Por ter brincado tanto quanto quis

Porque era humana e teve sede de viver

A senhorinha , agora dentro de seu corpo frágil,

Sentia a brisa que vinha pela janela

ItálicoTocando sua nuca

Entrando em seus pulmões

Os perfumes que ela recordava

Todos estavam ali, presentes.

Então, pensou:

A vida que oferece perfumes para recordar, é vida feliz...

domingo, 28 de novembro de 2010

SERES DE LUZ


Pessoa de luz.

Aquela luz interna que irradia a tudo e a todos ao seu redor.

É puro reflexo de força interior e de amor.

Pessoas que são o próprio amor, em si.

Na sua forma mais linda e universal.

Seus olhos são portais pra busca de boas energias.

Essa energia que elas transbordam através de seus poros.

Energia pura, simples e ao mesmo tempo intensa.

É preciso ter sensibilidade pra sentí-la.

Mas mesmo quem não tem tanta sensibilidade,

sente-se bem na companhia desses seres.

Seres de luz têm magia no modo de olhar, de tocar com carinho o outro.

Gostam de abraçar, de passar a energia.

Algumas vezes parece que a luz apaga.

Não!

Apenas fica um pouco ofuscada

por uma falsa idéia de sofrimento.

A luz está sempre lá: dentro e fora!

Sejamos força que sempre mantém essa luz ativa:

a luz da vida, a luz do amor

Pessoas assim são iluminadas

Escolhidas pra espalhar amor ao seu redor ( e a si mesmas, claro! )

Isso é Felicidade:

o entendimento e a ciência

de que essa força e essa luz internas são imortais.

Meta de vida: ser e fazer feliz.

A tudo e a todos.


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ai! Caí...


Bolhas de sabão / surgem ali nos lindos pés / quando quer voar

Ela sempre foi / cheia de encantos / pelo azul do céu

Mar de estrelas / zomba da menina / com saia anil rendada

E assim se faz / a métrica da letra / do anjo feito de sonhar

No concreto gris / se pôs a dançar feliz / com a lua a brilhar

Coisa de criança / ser tão alegre assim / no instante de cantar

Ai, caí , aqui ó / no embalo da rima / coisa de menina!


( brincando de tentar fazer Hai Kais :P )

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

POE'MANTRA


Há momentos em que é preciso simplificar
Entender o que se quer dizer
O que se quer sentir
O que se quer viver
Uma pausa nas revoluções internas
Nas revoltas ondas da angústia
Trégua na minha própria luta
Eu, meu grande adversário
O mais duro e cruel
Hora de pacificar
Amenizar
Suavizar
Voar em linha direta
Nadar rumo à minha meta
Circunscrever meus caminhos
Centralizar minha mente
Deixar meus escritos em paz
Meu coração é capaz
De ler também em linha reta
Juntar letras que me deixem sã
Na mais perfeita simetria
Corpo e mente em harmonia
Meditando nas palavras escritas
Mantra pra minha própria existência
Entra na minha mente
Me faz vertente de mim mesma
Todos meus 'eus' dialogam,
Sem conflito
Entrando em acordo
Acertando meu passo ( adiante ! )
Pra minha vida levar, sempre à frente
Sem olhar pra trás.

Sempre em frente
Não olhe pra trás
Sempre em frente
Não olhe pra trás

Poe'mantra me invade
Poe'mantra me acode
Poe'mantra me embala
Nos braços da tua sabedoria

Sempre em frente
Não olhe pra trás
Sempre em frente
Não olhe pra trás

Porque eu quero
Porque eu posso
Porque eu consigo

Luz me guia
Luz me leva
Luz me eleva

Alinhar ao centroPAZ em mim
PAZ de mim
PAZ pra mim

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

POEMA LEVE


Suavidade da brisa que beija teu rosto
Encanto na pele que toca teu cabelo
Sorriso nos olhos que sentem teu beijo
Alegria de pluma na boca que te encontra
Sussurro é minha voz dançando música lenta com teu ouvido
Assopro é o vento de mim que te sorri
Afastando as folhas que te caem no corpo
Levando embora a chuva que escorre de ti
Vamos ensolarar!
Vamos caminhar nas linhas da vida
Das palmas de nossas mãos
Colher flores que brotam na estrada
E brilhos das estrelas cadentes do céu
Guardar a felicidade no presente, agora,
com laço de fita
Crianças gostam de brincar de ser gente grande
Adulto vive mascarando sua criança
Não precisa ...
Eternos aprendizes que se encantam com a vida
Que correm na grama de pés descalços
Sentam na areia pra construir castelos
Brincam de ver as nuvens no céu
Gente grande no sentimento
Na vontade e no desejo
De abraçar o amor e de carregar a felicidade nos braços
Suavizando o peso das responsabilidades
Dividindo os medos de errar o caminho
E somando todas as batidas dos corações.

domingo, 14 de novembro de 2010

BEIJA-FLOR

Gosto de voar, gosto de beijar:
Sou Beija-flor
Que bate as asas tão rapidamente
E de repente desaparece de si...
Some no imaginário mundo real
Veste-se de cores do mar...
Encontra o peixe lindo e foragido
Que gosta de sumir com a maresia...
Beija-flor gosta de abraçar a sua flor
Gosta de sentir seu cheiro , seu gosto
Sugar a seiva que o entorpece ...
Beija forte e intensa e suavemente...
Também gosta de viajar nas bolhas de sabão
Que levam ao árco-íris
Voltando colorido de carinho
Repousa nas folhas verde-esperança da árvore
Pra voltar ao que é [ ir ] real
O que é carnal, passional, quente
Se queima...
E não reclama, pois deseja...
Quem é de vida quer sentir , sensações, sensorial
Tudo à sua volta é detectado:
Tem antenas...
Tem olhos que sentem
Boca que enxerga o gosto
Ouvidos que captam vibrações
Tato que arrepia ...
Contato - tátil - intangível - ao alcance da mão
Tatuado na pele
Na lembrança
No gosto da boca
No fundo dos olhos
Voa com o vento e se esconde da tempestade
Não por medo, pois ama o mar revolto
Os trovões, os pingos no rosto
Mas pra se proteger da solidão...

sábado, 13 de novembro de 2010

VIÉS


Vou ao teu encontro: não estás
Chegas quando já fui
Vida vai quando me perdi
Me encontro na alameda obscura
Onde nada se vê
Enxergo, súbito, tudo
Na escuridão da tua ausência
O sol escurece, a lua aquece
A água seca, o som cala
O espelho esconde a imagem
Que não vejo de mim
Não me encontro em lugar nenhum
Quando só o que quero é fugir
Horizonte logo aqui
O próximo passo vai pra trás
Voo de cabeça pra baixo
Pássaro inverso
No verso
Quer viver de gaiola
Amarra todo o meu corpo
Nas entranhas da tua boca
E o grito que calo
Dentro ecoa e me ensurdece
E o silêncio que me habita
Faz explosão estrondosa
O viés das vias das linhas da vida
Morte de mim aos poucos aqui
Me carrega nos braços gélidos
E sinto-me aquecida de súbito
Ruas de concreto, caminho nas nuvens
Vejo de cima o mundo azul
Aqui é paz.
É viés.
Enviesada na minha teia de areia
Enraizada na tua saliva maldita
Quero viver de morrer em ti

Hora de virar, revirar , transpassar, reverter
O viés que me trouxe até aqui
Onde nem imagino estar
Lugar que me guarda como um segredo
A sete e centas chaves.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

LABIRINTO


Te convido a entrar no labirinto de letras
De poema que lês
Cada um pode ( e deve ) interpretá-lo
da maneira que quiser
Assim são as poesias...
Que graça tem não te pôr a divagar ?
Nem pensar!
Em meus versos cabe muito de ti
Entra, e te perde ...
Pra depois quem sabe achar a saída
Labirinto das contradições
Das emoções
Das paixões...
Montanha-russa de mim...
Sobe, desce, navega, mergulha
Mar adentro nas minhas reticências...
Eu, barco, sigo com a tua correnteza
Beleza...
Praia deserta nua crua...
Maresia nos pés, te invade e chega ao coração
Sol que arde no peito
Aquece teu rosto
Incendeia minha pele...
Labirinto de sensações
Sentidos, ouvidos, táteis, impalpáveis, miragem...
Nas areias do deserto
Te espero...
Transforma-te pessoa, aqui , na minha frente
Olho no olho, a boca, suplicando
Sussurra em teu ouvido
Um verso silencioso , molhado ( coração acelera...)
Entendes?
É pra sentir, deixar invadir
Vou te roubar pra mim
Nesse intante dos meus versos...
Frases que jogo no muro
Pichadas em tons de amor
Muro de concreto e dor
De beijos ardentes contra a parede
Te joga... me joga... e sente...
Parar ?
Não quero parar com esse labirinto
Quero te prender no segundo do meu relógio
Tic tac ... tac tic ... tic tac
Quebrou...
Sem hora marcada
Senhora marcada de amor...
Entre quatro paredes
Dois corpos ardendo,
Um só desejo
Luz de luar,
Outdoor de neon
Cama de prata
Aqui fomos parar..
Quem ?
Tu , eu
Não vamos encontrar mais a saída
Labirinto quando é bom,
É pra se perder ...
Pra enlouquecer de tanto querer ...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DAS CONTRADIÇÕES - II


Morrer de lonjura,
vivendo tão perto.
O perto de ti,
que afoga em mim.
O longe de ti,
tão perto - te toma completo.
Afasta, então, do abraço, o perto
Do beijo virou nuvem.
Estrela interposta, no céu da boca.
Tu longe - naufrágio.
Tu perto - és ilha.
Não palpo, não sinto
Me foges da visão.
O que é isso que dizem: distância
Dois portos separados
E nada entre eles
Não entendo
Torna-se mar adentro.
Mar ardendo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DEIXE IR






Difícil decisão

Mais difícil ainda a coragem de ir em frente

De desescravizar a paixão

Mandar embora o futuro que não veio

Desaparecer com a saudade do que não existirá

Quando se dá conta, não tem volta.

Não por conta própria,

Mas por desejo do destino.

Da sorte dos dados lançados.

Quando se lança no ar, o vento muda a direção:

Sorte que voa do mundo ilusório

Pra realidade irreal.

Foge dos dedos, como água que escorre.

Então: deixe ir.

Deixe partir, deixe viver.

Que vá com o amor na bagagem.

Que encontre a paz pra dividir.

Veja o amor partindo

De forma que te liberte...

Porque amor que não tens, não fica.

Precisa ir. Precisa voar, se lançar.

Fique com a alegria de ter buscado.

Fique com a sensação de dever cumprido:

Se não por completo, ao menos tentado.

Deixe ir, deixe!

Te liberta.

Te encontra com a essência que tens.

Enche o peito de energia

Inspira a luz

E expira essa luz pra que ela alcance

A todos que te cercam.

Enche de amor à tua volta

Porque tu te ama!

Espalha cor ao teu redor.

Paz interior, aura iluminada.

Sê assim!

Então, entenda:

Deixe ir!



terça-feira, 9 de novembro de 2010

PRAZERES



Um sorriso de criança
Um pássaro cantando nas árvores

Um balão voando no céu
Um formato diferente na nuvem
Um raio de sol por entre frestas da janela

Um bom dia com voz rouca, no ouvido

Um olhar que diz mil coisas

Um silêncio que te arrepia

Um carinho no rosto

Um toque intenso no corpo

Um abraço apertado

Um beijo incandescente
Um gargalhar que vem do nada

Um gemido no quarto escuro

Um minuto de êxtase intenso

Um momento de paz
do gozo
Um adormecer na magia do amor

Um despertar cheio de energia

Um novo dia

Um novo amanhecer

Um até logo cheio de espera
Um dia de chuva, sinfonia

Um som de melancolia

Um canto que se escuta sozinho

Um conto que escreve à mão
Um poema que te faz suspirar

Um verso que te deixa extravazar
Um suspiro na nuca
Um arrepio súbito
Um beijo roubado

Um tapete macio

Um andar descalço na grama

Um caminhar na areia morna

Um mar verde a perder de vista

Um céu azul de viver

Um, uns, tanto, tantos, tantas, sensações

Um só coração.


domingo, 7 de novembro de 2010

NA PRATELEIRA


Amor não se encontra em nenhuma prateleira ... nenhuma.
Amor, carinho, afeto, amizade....
Tudo só se encontra em fórmula original.
Genéricos não existem.
Não podemos aceitar um amor incompleto, sem registro, genérico.
Eu não aceito. Não quero assim.
Também não sei amar pela metade, amar sem me doar.
Não sei.
Ficar na prateleira de alguém, em algum lugar ... quero não, obrigada.
Assim como também não quero guardar ninguém desse jeito.
Na prateleira guardo meus livros, meus cds, meus porta-retratos, meus bichinhos de pelúcia.
A única opção que quero pra mim é a exclusividade, em se tratando de amor.
Amor verdadeiro.
Amor que liberta, que faz a felicidade do ser amado.
Nos traz alegria o sorriso e a realização do outro.
Amar completo, amar de corpo e alma.
Também quero oferecer exclusividade, sem parcimônia.
Com muita certeza e intensidade.
Reciprocidade - irrestrita, com entrega.
Isso que desejo.
Sim, eu sonho. E muito..
Mas sei que isso é possível, sem dúvida.
Pode ser meio utópico, eu sei.
Afinal, quando nos apaixonamos ( a bendita e avassaladora paixão ) nos tornamos suscetíveis a ir visitar uma prateleira ou outra...
Já estive em preteleiras, já coloquei algumas pessoas lá.
Mas não quero isso pra mim.
E sigo nesta jornada.
Eterna busca minha.
Te encontrar, onde estiveres ...
E sei que não estás em nenhuma prateleira ...

( pode parecer piegas, mas é tão verdadeiro )




sábado, 6 de novembro de 2010

TEIMOSIA


E quando é não, é não mesmo?? ....

É que é criança, insiste em ser teimosa.

Teimosia pode ser insistência de coração que não para de bater.

Coração bate , acelera, e a vontade não cessa.

Insiste e permanece.

É teimosia que não acaba.

Acho bom insistir em bater, o coração.

Teimoso em amar vive pra sempre de sonhar.

Uma hora dessas, acorda.

Vive de amar e não se arrepende de teimar...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CHUVA DE MIM ...












OUÇA AQUI ===> A SINFONIA DA CHUVA ;)


http://www.rainymood.com/



Mas eu gosto de chuva. Gosto.
Que lave e que leve a alma agoniada.
Gosto de sentir os pingos a me beijar.
Me renova.
Queria dançar e cantar na chuva!
Música linda essa, da natureza: chuva canta. Ouça.
A melodia que ela produz varia: intensa, suave, reconfortante, arrebatadora.
A chuva tem um pouco de mim.
E eu tenho um tanto dela: ela muitas vezes chora em mim, me invade.
Chuva de mim...
Shhhhh: escuta o som - pingos, batem na janela...
Água que corre, na calçada.
Trovões vez por outra... pra dar um certo suspense...
Que coisa linda, essa sinfonia de água desaguando,
Queda livre nas árvores, nos telhados, na grama, nas flores
No chão nosso...
Me encharco nessa sintonia, leve, intensa.
Me embriago, me enterneço.
Danço e balanço ao som irresistível do chorinho dos céus...
Então, re-seco.
Daí penso: vamos ali, chuva, de encontro ao sol...
Vamos nos colorir de arco-íris.
Chuva é teimosa! Teimosia de menina!
Pego-a pela mão (escorregadia...) e levo-a comigo, assim mesmo.
Vamos ver aquele passageiro e lindo amigo.
E se o arco-íris é rápido, se esconde, é porque ele é tímido.
Tímido de tanta beleza.
Em arcos de adeus ele se esvai...
Despeço-me da chuva: raio-me de sol.
Todo dia, nova manhã.
Hoje vou nascer solar.





quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CONTRADIÇÃO



É quando o corpo vai pra um lado e a alma vai pro outro.
Quando quero ir, mas volto de imediato.

Quando esqueço de sentir, e em seguida avassala-me o coração.

Quando estás aqui dentro e, súbito, vais embora.

Quando o olhar se fecha, mas a lembrança grita.

Quando a voz cala e o coração palpita.

Quando o longe que estou parece tão perto.

Quando estás perto e, mesmo assim, tão longe.

Quando tudo simplifica, logo se torna a mais confusa questão.

Quando tudo é sol, e aqui dentro muito chove.

Quando tens minha mão, mas torna-te impalpável.

Quando beijo tua face e quero fugir.

Quando penso fugir, mas só quero beijar-te.

Quando quero ser criança, mas desejo-te homem.

Quando a lua me oferece as estrelas, e quero raiar-me sol.

Quando o sol aquece meu corpo, e quero me esconder na escuridão.

Contradição , do contra, a edição contrária, contra-edito.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ANTENA PARANÓICA



Essa coisa de sintonia... Não é fácil.

O rádio muda a estação sem a nossa vontade.

Queremos voltar , mas nem sempre é possível.

Um dia essa estação sai do ar.

Ou pode ficar tocando na mente pra sempre.

Independe de vontade.

Vontade, aliás, é coisa doida.

Muda, também, o tempo todo.

Acho que é problema de interferência nas ondas do rádio.

Radinho de pílha. Às vezes fica fraca.

Para. Tem que trocar.

Troca, destroca, coloca de novo.

Isso é confusão que não acaba.

Ainda mais pra cabeça de doido...

Antena fica paranóica.

Desparabolizei... acho que inventei...

Azar, também gosto de inventar.

Os pássaros voam perto. Pousam. Interferência.

Começa a chover ?

Raios, trovejam, relampejam. Interferência.

O coração bate descompassado?

Taquicardia, minha filha....Interferência.

Sensibilidade à flor da pele, te cutucando: Interferência.

Todo dia, toda hora, a cada minuto, todo ano.

Tudo vai variando. Mundo rodopia e antena não capta.

Gira mais devagar, mundinho meu...

A antena é fraca, o coração não aguenta. Desnorteia.

E a antena, paranóica.

Raios!

domingo, 31 de outubro de 2010

BRINDEMOS


“Errar é humano”, não me engano.

E permito perdoar-me; não quero ser carrasco de mim mesmo.

Sou passível de dúvidas, de incertezas, de enganos...

Sim, sou refém de minhas vontades e paixões

Mas também sei acordar, na hora que preciso for

Mesmo querendo para sempre me perder

Nos braços dessa devastadora ilusão

Se me dessem a chave dos desejos

Poderia para sempre te viver

Ter teus beijos e teus abraços a me querer

Pensamento teu, me tomar conta

Ter minha vida em tuas mãos...

Mas não morro de sofrer, se não o for

Vida não é pra controlar

É preciso saber caminhar

Vou em frente, mesmo que sinta falta

Mesmo querendo te (re)conhecer

Saber-te mais do que foi possível no breve instante

Do dia que em ti esbarrei...

Um dia, uma semana, um ano

Tudo bem

Vamos ali, no bar

Bebemorar à vida ...


À amizade , ao laço fraterno


Da poesia que nos une


Da sede de sentir a imensidão das palavras


Vamos beber , sim, ao mundo ,


Às pessoas, ao eterno não saber.


Vamos fazer um brinde:


Brindemos a tudo que nos faz aprender.


Eu quero viver!


TIM-TIM!!!

( UM PARÊNTESE )


NÃO CONSIGO DEIXAR DE POSTAR ESSA MARAVILHA... OBRIGADA POR COMPARTILHAR, DU !


SARAH KANE - CRAVE ( ÂNSIA )


sábado, 30 de outubro de 2010

ENTRELINHAS



Não preciso ser direta
Em alguns textos que escrevo
Gosto tanto de incitar tua visão
De testar tua imaginação
Te fazer voar...
E eu,
Me entrego à poesia
Mas isso não significa que tenhas
Que me entender, me decifrar
Basta que leia nas entrelinhas
Minhas bem ( ou mau ) traçadas linhas
Duvido muito do que quero dizer
Às vezes me surpreendo com o final
Quando no início apenas quero cantar
E me vejo dançando e te chamando
Pra nos meus versos penetrar ...
Não te acanhes, venha
Vamos permitir nosso momento
De entrega às palavras, ao vento
Devaneios
Desajustes
Devassados
Desnorteados
Quero estar na janela do teu quarto
E à noite
Chegar junto com a lua
Nua e crua
Em teus sonhos adentrar
Vamos , vem comigo ...
Te levo pela mão rumo ao céu
Flutuando na imensidão
Pra cama macia das nuvens
Cantando em teus ouvidos
A canção que te enfeitiça
Como o canto da sereia
E da fada maldita
Minha voz assim :
Embriagada de desejo e de volúpia
Eis que o verso tomou-me as mãos
Tirou-me o senso (veja!)
Fez-me escrava,
E aqui me entrego ...
Tens o livre arbítrio de escolher
Em tua mente, em teu querer
O ápice destes versos embriagantes...
Te deixo interpretar
O que quiseres
O que vires e encaixares
O que tiveres vontade de palpar
E colocar em tuas mãos...
Te entrego agora, neste momento,
As delícias e as malícias
Contidas neste espaço
Nas macias curvas alvas
Das minhas suaves entrelinhas ...







quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O POETA SE CALA


Há tempos em que a palavra se esconde
Brincando com o poeta
Num ( in ) voluntário jogo de criança.
O paradeiro do verso é a estrada
Viajando pra reencontrar seu amor
A poesia que tanto sente falta.
Mas quando a poesia decide repousar
É como menina que precisa de colo
De uma canção de ninar
Pra descansar
Se acalmar
As mazelas apagar
E depois voltar revigorada
Saudável e corada
Água potável pra beber
Alimento pra alma aquecer
Pros braços fortalecer
Pro amor renascer
Das cinzas da solidão
Da imensidão da escuridão
Que o poeta se encontrava.

O silêncio muito que é necessário
Não há como negar
Pra que possa um simples ruído escutar
Um sussurro sentir
A respiração ofegar
O coração palpitar

Poeta, cala-te, se preciso for...
Porém volte logo
Tua ausência é sofrida
Sentida
Palpada
Tua falta é imensa
Não pense que não
A poesia te ama,
Poeta
E os versos habitam teu ser
Precisam de ti pra viver
E também pra morrer...

Então cala-te só um pouquinho
E volta de mansinho
Enche essa folha de sentimentos
De momentos
De lamentos
De contentamentos
Porque sem ti
O mundo perde a cor
A vida fica sem sentido
A flor nasce sem frescor
Volta, poeta, volta...
Pros braços do teu poema
Que de ti sobrevive
Cada vez mais tomado de amor
De paixão infinita
E de imenso querer.

OBS: Este texto foi inspirado pela bela poesia de Cristiano Siqueira : "Amor além dos poemas de amor(XX - o poeta está cansado)"
http://www.poetacristianosiqueira.blogspot.com/