Versos Que Não Fiz

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Poesia na corda bamba




Poesia na corda bamba.
Equilibrada em sua insensatez.
Desequilíbrio, talvez.
Completa embriaguez.
Não sabe se dança valsa
ou samba.

Ela é indecisa,
indócil,
às vezes decadente.
Não sabe se fala a verdade
ou se mente.
Se faz sorrir
ou chorar.
Gosta de improvisar:
Ou vence no grito
Ou se cala, 
somente.


terça-feira, 24 de julho de 2018

Caçadora de poemas







Sou uma eterna e incansável caçadora de poemas,
daquela poesia entranhada em minhas células.
- meu sangue às vezes é cruel:
esconde de mim as palavras que um dia escreverei.
levo  comigo uma arma: meu silêncio, que sorrateiramente chega e rouba
de volta esses versos.
da ponta da língua ( ou dos dedos ) eles se libertam
Alforria da poesia em mim.


domingo, 22 de julho de 2018

Vendaval






Início de inverno.
Anoitecia.
Vendaval bateu à porta,
derrubando-a.
As janelas também rangiam.
Voavam.
Uma enxurrada invadiu sua sala:
palavras e versos desconexos,
Escorrendo pelas ladrilhas,
destruindo tapetes,
inundando todos os cômodos.
Invadiu-a.
Não teve escolha:
Para sobreviver
ela precisou agarrar-se
à poesia.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Fuga



Escorre pelos dedos
Versa e sopra
Através do silêncio
Insiste em ocultar
Se esconder
Camuflar
Finge não existir
Resolve pra longe
( ou pro nada ) ir
Por debaixo dos poros
Entranhas
Suor 
Lágrimas
Em toda parte
( ou além )
Do meu ser
Porque
mesmo calada
Insiste em doer

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Poema do Insone - I





Sono
Some
Subitamente
Se esconde 

Sem medo 
Sem remorso.

Da insônia sou refém,
Pro mal
Ou pro bem.

( tic tac - tic tac -  ao fundo, me ensurdece, nunca adormece...)

Liberte-me do cárcere
Em que me mantém .

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Alma Que Flui






Esse fantasma
Que de mim se apropria
Vez por outra
Mal sabe ele
Ignóbil ser ( ! )
Que nem mesmo a mim
Pareço pertencer
Sou a alma que flui
Sem destino
Pousando
Ao seu bel querer.

Qual minha razão
De ser ?

domingo, 8 de julho de 2018

Poesia sangra, sem doer





Poesia é o que existe 
sem se ver
É o que, mesmo inerte, se move
Sangra sem doer
Deprecia e comove.
É prece
Até sem fé. 
É gigante 
- Ali, em seu minguado instante - 
O perfume que sente
Até no mais ébrio ser.
Calor que arde
Até o gelo
Derreter



quinta-feira, 5 de julho de 2018

Despertar





A poesia dormia
Já há um tempo.
Preguiça total -
( ou, quase, jazia...).
Um despertador tocou
Cá dentro
Sem aviso
Sem razão.
Hora de acordar,
De libertar
Bater as asas
E voar.

 


terça-feira, 3 de julho de 2018

Esperança...







Por onde anda a esperança?
O encantamento
A alegria?

Tanto lixo
Tanta revolta
Tanto desamor 
Tanta injustiça

De letra em letra 
se ergue 
uma vida de sonhos
Nesse mundo em que existo
Só me resta poesia




Amares








Há males que vêm pro bem.
Há mares que vêm aquém.
Ama. Se amares,vais além.
Afinal, amar é viver a inexata finitude do ser.
Sem amor, sou apenas ninguém.

domingo, 1 de julho de 2018

Rebeldia da Palavra







A poesia pousa 
sobre a  rebelde palavra
que apenas quer fugir
pra descansar de si mesma
Mas o poeta é um eterno
caçador de rebeldia
catalisador de emoções
libertador de faz de conta
Faz de conta que não vê
o sentimento que
por trás se esconde
O aperto que sufoca
De vontade de escrever



Tempo











Meio dia, meia noite, 2 horas e logo três . O que quer o relógio me dizer? 
Se no vão das horas, os ponteiros se perderam...
O tempo nada mais é que a ilusão 
De apenas a uma vida pertencer.


sábado, 30 de junho de 2018

Poema pra beber








gosto de unir as palavras
(des)alinhar os verbos
compôr as estrofes
pra depois
juntar tudo
sacudir bem
acrescentar um pouco de loucura
e servir o poema
poesia é pra embriagar...


( o sabor fica por conta do leitor)

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Na estrada






Nessa estrada em que ao longe vejo
Nada ( e tudo) aparece
Tudo é esperança
Tudo pode acontecer
A estrada é longa
A vida, breve
Árvores, concreto,
O entardecer
Meu carro, um guia
Que conduz
Pra além do horizonte 
Horizonte 
Nada mais
Que o eterno não saber


( foto: Flávia Braun )

terça-feira, 25 de julho de 2017

Escrever








Escrever é permitir ao coração bater fora do peito.
É moldar as palavras no tamanho, 
cor e sabor, de acordo com quem as lê.
É transformar o sentimento em versos, 
concretos, quase palpáveis...
É imortalizar o instante.
É despir-se do silêncio,
E vestir a imaginação.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Sem você eu não seria


nada sei
só não posso 
te perder
seria como
fazer o mar secar
a terra queimar
o sol apagar

nada sei
mas não posso
te perder
ficar sem teu olhar
viver sem teu tocar
perder o teu beijar

seria afundar o chão
caminhar no vácuo
me perder
na escuridão

você
minha estrada 
meu rumo
meu destino

sem você
minha 
existência
sem sentido
estaria

tua música
minha luz
teu olhar
minha vida


sábado, 13 de agosto de 2016

O que seria do poeta sem a ausência?



o inexistente 
é uma questão
de ótica.

afinal,
o que seria dos poetas
se não houvessem
as ausências?

quais sonhos
teriam,
pobres poetas,
se não 
lhes faltasse 
o beijo imaginado?

que horizonte veriam
esses poetas
sem os olhos
marejados 
de ausências 
em suas miragens?

ausência
é uma dádiva
pro poeta
que emana os silêncios
escritos em todos os
seus poros...


(foto: google)






sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Renascer







porque depois desse inverno chuvoso
tudo o que quero é florir em paz
despir-me dos mantos pesados
vestir um sorriso manso
correr por estes campos
de liberdade 
amor
e tudo de lindo
que a vida traz



( Foto: google )




quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Palavras Insanas


Às palavras  dou vazão
Escoando por meus poros
Elas não me levam à sério,
Nunca me dão razão.
Ressurgem das cinzas
Sem anunciar o clarão
Se apoderam de meus olhos 
Fazem refém meu pensamento
Não dão lugar ao meu lamento
Nem aguardam meu perdão
Sem eira nem beira eu fico
Aguardando 
Sem presságios
Sem impressões
Apenas que se apoderem
Da força da minha mão


imagem: google



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Amor que liberta






intensidade
tão terna
ternura 
avassaladora
o avesso 
do amor
a paixão 
fatal
transbordante
sedução total
os sentidos
todos imersos
em ti
 me completas
me entrelaças
me enlouquece
e de ti 
sou eterna
escrava
em permanente
voo
de liberdade
em ti
me ultrapasso
me lanço
aos ventos
do amor
que me invade
e me faz 
renascer